Publico um artigo sobre a questão das imagens na bíblia, objeto de repetidas acusações de idolatria contra os católicos, por parte de seitas protestantes.

 «Não farás para ti imagem esculpida…» (Ex 20,4)
Pe. Henrique Soares da Costa

Repetidamente a Igreja católica tem sido acusada de ferir as Sagradas Escrituras ao admitir o uso de imagens e promover a sua veneração. Acusam-na até mesmo de permitir a adoração dessas imagens. Tal acusação é falsa e desprovida de sentido, além de gravemente caluniosa. Senão, vejamos:

  1. Antigo Testamento

No Antigo Testamento é clara a proibição de fazer imagens: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair da terra do Egito, da casa da escravidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem esculpida de nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus, ou embaixo na terra, ou nas águas que estão debaixo da terra. Não te prostrarás diante desses deuses e não os servirás, porque eu, o Senhor teu Deus, sou um Deus ciumento…” (Ex 20,2-5; cf. Dt 5,6-10).

Por que tal proibição? Porque a confecção de imagens estava ligada à prática idolátrica. Os povos vizinhos dos israelitas faziam imagens dos seus ídolos e pensavam que os seus deuses estavam de algum modo presente nas suas imagens, de modo que o fiel podia controlar, manipular o seu deus através da imagem. Havia, então, três perigos para o povo de Israel:

  1. a) fazer imagens do Senhor poderia fazer pensar que ele seria um deus como os outros, um deusinho a mais, no meio de tantos deuses falsos;
  2. b) fazer imagens do Senhor poderia dar a entender que Deus estaria presente na imagem, confundindo-se com a própria imagem, obscurecendo assim a transcendência do Deus verdadeiro, que está no céu e é Senhor de tudo;
  3. c) fazer imagens do Senhor poderia levar Israel a querer manipular a Deus, esquecendo-se que ele é absolutamente livre e soberano.

Ora, o Deus de Israel é completamente diverso dos outros deuses: “O nosso Deus está no céu / e faz tudo o que deseja. Os ídolos deles são prata e ouro, obra de mãos humanas: têm boca, mas não falam; / têm olhos, mas não vêem; / têm ouvidos, mas não ouvem; / têm nariz, mas não cheiram; / têm mãos, mas não tocam; / têm pés, mas não andam; / não há um murmúrio na sua garganta. / Os que os fazem ficam como eles, / todos aqueles que neles confiam. / Casa de Israel, confia no Senhor!” (Sl 115,3-9). Ele não aceita ser confundido com os ídolos nem muito menos dividir com eles o amor, a adoração e a dedicação do seu povo: “Não fareis deuses de prata ao lado de mim, nem fareis deuses de ouro para vós!” (Ex 20,23); “Não adorarás outro deus. Pois o Senhor tem por nome ‘Ciumento’: ele é um Deus ciumento” (Ex 34,14); “Eu, o Senhor teu Deus, sou um Deus ciumento” (Dt 5,9); “Não seguireis outros deuses, qualquer um dos deuses dos povos que estão ao vosso redor, pois o Senhor teu Deus é um Deus ciumento que habita em teu meio” (Dt 6,14-15); “Ficai atentos a vós mesmos, para que o vosso coração não se deixe seduzir e não vos desvieis para servir a outros deuses, prostrando-vos diante deles” (Dt 11,16). As citações poderiam multiplicar-se (cf. Is 40,18; 44,9-12; Jr 10,2-5…).

É importante notar, no entanto, que as proibições severas de se fazer imagem estão sempre ligadas à afirmação de que somente o Senhor é Deus e à condenação absoluta da idolatria. Em outras palavras: o motivo pelo qual se proíbe a confecção de imagens é a idolatria, a adoração aos deuses pagãos, deuses falsos! O Senhor não aceita ser confundido com ídolos nem ser manipulado como um ídolo. Por isso mesmo, não aceita mostrar seu Rosto: ele ultrapassa tudo quanto o homem possa imaginar! “Ficai muito atentos a vós mesmos! Uma vez que nenhuma forma vistes no dia em que o Senhor vos falou no Horeb, do meio do fogo, não vos pervertais, fazendo para vós uma imagem esculpida em forma de ídolo: uma figura de homem ou de mulher, figura de algum animal terrestre, de algum pássaro que voa no céu, de algum réptil que rasteja sobre o solo, ou figura de algum peixe que há nas águas que estão sob a terra. Levantando teus olhos ao céu e vendo o sol e a lua, as estrelas e todo o exército do céu, não te deixes seduzir para adorá-los e servi-los!” (Dt 4,15-19). Veja-se que a polêmica é sempre contra a idolatria, contra o perigo de confundir o Deus vivo com um deus falso, que pode até ser representado por imagem e, através da imagem, manipulado! “Minha face não se pode ver!” (Ex 33,23).

No entanto, quando não há o perigo da idolatria, de confundir o Deus de Israel com os falsos deuses, quando não há a tentação de manipular Deus, a Escritura permite claramente a confecção de imagens. É o próprio Deus quem ordena a Moisés: “Farás dois querubins de ouro, de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório; faze-me um dos querubins numa extremidade e o outro na outra: farás os querubins formando um só corpo com o propiciatório, nas duas extremidades. Os querubins terão as asas estendidas para cima e protegerão propiciatório com suas asas, um voltado para o outro. As faces dos querubins estarão voltadas para o propiciatório” (Ex 25, 18-20). Antes Deus havia proibido fazer imagem do que quer que fosse; agora manda colocar no propiciatório da Arca da Aliança, lugar sagrado por excelência, dois querubins de ouro! A Arca era considerada como sendo o pedestal do Deus de Israel; daí a expressão tão freqüente no Antigo Testamento: «o Senhor que está sentado sobre os querubins».(cf. 1Sm 4,4; 2Sm 6,2; 2Rs 19,15; Sl 79,2; 98,1) Trata-se das imagens dos querubins da Arca! É o próprio Deus quem manda! Por que? Porque não há perigo de idolatria, de se confundir os querubins com o Senhor do céu e da terra!

No Templo santo de Deus, Salomão também mandou colocar querubins: “Ele fez dois querubins de oliveira selvagem… Em todas as paredes do Templo, ao redor, tanto no interior como no exterior, mandou esculpir figuras de querubins, palmas de flores…” (1Rs 6,23-30).

Ainda no Templo havia o gigantesco reservatório de bronze, chamado mar de bronze, com a água para as purificações: “Este repousava sobre doze touros…” (1Rs 7,23-25).

Nas molduras das bases do reservatório, no Templo do Senhor havia imagens: “Sobre as molduras que estavam entre as travessas havia leões, touros e querubins…” (1Rs 7,27-29).

Muito significativo ainda é o episódio das serpentes abrasadoras: o povo de Israel, no deserto, perdeu a confiança em Deus e murmurou. Como castigo, o Senhor enviou-lhes serpentes abrasadoras. O povo, então, arrependeu-se e Deus mandou que Moisés fizesse uma serpente de bronze e a colocasse num poste; quem fosse mordido e olhasse para a serpente ficaria curado (cf. Nm 21,4-9). Ora, o próprio Senhor Jesus afirma que essa serpente é imagem dele: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que crer tenha nele a vida eterna” (Jo 3,14). O sentido é belíssimo: como os que olhavam para a serpente eram salvos, os que acreditam (= olham) em Jesus crucificado, encontram a salvação! A serpente era, portanto, imagem de Cristo. E note que a Escritura proibia fazer imagem do que quer que fosse! É interessante ainda observar, a propósito desta serpente de bronze, que os israelitas, muitos anos depois, pervertidos, começaram a adorar esta serpente como um deus, chamando-a Noestã. Por isso mesmo ela foi destruída pelo rei Ezequias! Enquanto era só uma imagem, não havia nenhum problema; quando os israelitas a idolatraram… deveu ser destruída: “(Ezequias) reduziu a pedaços a serpente de bronze que Moisés havia feito, pois os filhos de Israel até então ofereciam-lhe incenso; chamavam-no Noestã” (2Rs 18,4). A idéia é clara: a imagem em si não é um problema: o próprio Deus mandou-o fazê-la; o problema é transformá-la num ídolo!

É interessante notar ainda que nem mesmo os judeus consideravam como sendo absoluta a proibição de fazer imagens. Em algumas sinagogas da Palestina do século III, arqueólogos encontraram pinturas e figuras humanas. Em Dura-Europos, no atual Iraque, encontraram-se pinturas representando Moisés diante da sarça ardente, o sacrifício de Abraão, a saída do Egito, a visão de Ezequiel…

De tudo isto, podemos tirar algumas conclusões:

  1. A) No Antigo Testamento a proibição de imagens não é absoluta, mas refere-se somente aos casos de idolatria: é proibido fazer imagens dos ídolos (= falsos deuses dos pagãos).
  2. B) É proibido também fazer imagem do Senhor, pois ele não tem corpo, é o Deus invisível, completamente diferente dos ídolos pagãos.
  3. C) Quando não há perigo de idolatria, as imagens não são proibidas e são até
  4. D) A própria tradição judaica interpretou de modo flexível a proibição do Antigo Testamento: tanto que, quando não havia perigo de idolatria, faziam pinturas nas suas sinagogas.
  5. Novo Testamento

No Novo Testamento não há nenhuma proibição de se fazer imagens! Há, sim, duras condenações à idolatria, ou seja, a adorar e servir aos deuses falsos. Mais ainda: a idolatria, no Novo Testamento, não aparece como veneração à imagens, mas como uma vida de vícios e ganância: “Não vos torneis idólatras como alguns dentre eles, segundo está escrito: o povo sentou-se para comer e beber; depois levantaram-se para se divertir. Nem nos entreguemos à fornicação, como alguns deles se entregaram…” (1Cor 10,7s); “Nenhum fornicário ou impuro ou avarento – que é um idólatra – tem herança no Reino de Cristo e de Deus” (Ef 5,5); “Mortificai vossos membros terrenos: fornicação, impureza, paixão, desejos maus, e a cupidez, que é uma idolatria” (Cl 3,5).

Para o Novo Testamento, a idolatria é o serviço aos falsos deuses e à ganância, à riqueza, à avareza, aos vícios, à busca de enriquecimento ilícito… Tudo isto afasta o homem do Deus verdadeiro e o escraviza às paixões: “Não quero que entreis em comunhão com os demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios!” (1Cor 10,20-21).

Mas, o Novo Testamento vai ainda mais além, e afirma algo espantoso: Deus, que no Antigo Testamento era invisível – e por isso não podia ser representado por imagens -, agora fez-se visível em Cristo Jesus! Deus agora tem imagem – Cristo feito homem e ressuscitado! “Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda criatura” (Cl 1,15).

São Paulo diz claramente também em 2Cor 4,4 que Jesus Cristo é a imagem de Deus. Assim, o Deus invisível do Antigo Testamento agora fez-se visível em Jesus Cristo, imagem do Pai: “Quem me vê, vê o Pai. Como podes dizer: «Mostra-nos o Pai!»? Não crês que estou no Pai e o Pai está em mim?” (Jo 14,9-10).

Note-se que esta idéia é belíssima: o Deus invisível e imaterial, por amor de suas criaturas fez-se visível e material: agora pode ser tocado, apalpado, visto! São João, emocionado, vai afirmar esta realidade maravilhosa: “Aquele que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam do Verbo da Vida – porque a Vida manifestou-se: nós a vimos e lhe damos testemunho e vos anunciamos a Vida eterna, que estava voltada para o Pai e que nos apareceu!” (1Jo 1,1-2). Em Jesus Cristo, Deus não é mais distante, não é mais invisível, não é mais inapalpável! Por isso não há, no Novo Testamento, uma proibição de fazer imagens; isso já não é uma preocupação dos cristãos! Querer insistir em citar o Antigo Testamento contra o uso de imagens, além de mostrar que não se compreendeu o sentido das proibições vétero-testamentárias é também não ter compreendido o sentido profundo das conseqüências da encarnação do Verbo: porque o Filho de Deus assumiu a matéria, a matéria tornou-se apropriada para exprimir, para representar o Filho de Deus e seus santos, que são por ele transfigurados. Mas isto nós veremos no próximo tópico!

Resumindo:

  1. A) No Novo Testamento não há nenhuma proibição de fazer imagens.
  2. B) A idolatria (adoração aos deuses pagãos) é duramente condenada e ligada aos vícios, sobretudo o apego ao dinheiro, como se ele fosse um deus.
  3. C) Cristo é apresentado como imagem do Deus invisível: aquele que não tem forma e não pode ser representado, agora tem uma imagem: o Verbo encarnado, no qual se vê e se toca na glória de Deus invisível (cf. Jo 1,14; 1Jo 1,1-4).
  4. A Tradição da Igreja

Os cristãos, inspirados na Escritura, sobretudo no Novo Testamento, que é a plenitude a Revelação divina, sempre usaram pinturas e imagens.

Já nas antigas catacumbas cristãs da Roma antiga, no tempo dos mártires, podem ser encontradas imagens inspiradas em textos bíblicos: Noé salvo das águas do dilúvio, os três jovens cantando na fornalha, Daniel na cova dos leões, Susana, os pães e os peixes da multiplicação operada por Jesus, o peixe (= ICHTHYS), símbolo de Cristo. Na catacumba de Priscila, em Roma, pode-se ver ainda hoje uma pintura da Virgem com o Menino Jesus. Esta pintura é do início do século III, quando os cristãos ainda morriam torturados nos circos da Roma pagã para testemunharem sua fé no Senhor. Ainda dessa época é a pintura de um pastor tocando flauta, imagem de Cristo Pastor, Filho de Davi, e uma outra, do Bom Pastor, com a ovelhinha aos ombros.

As pinturas dos santos e das cenas bíblicas eram consideradas pelos cristãos não somente normal, como também educativa: “O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas e ajuda grandemente” (S. Gregório de Nissa – séc. IV); “O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é para os iletrados” (S. João Damasceno – séc. VIII). Gregório Magno (séc. VII) repreendia o bispo de Marselha: “Tu não devias quebrar o que foi colocado nas igrejas não para ser adorado, mas simplesmente para ser venerado. Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender, mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces. O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem o é para os ignorantes; mediante essas imagens aprendem o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não sabem ler”.

Entre os séculos VIII e IX surgiu, no entanto, a heresia iconoclasta. Influenciados pelo judaísmo, pelo islamismo e por seitas gnósticas cristãs, que negavam a verdade da Encarnação do Verbo divino e, portanto, que Cristo se tivesse realmente feito homem de carne e osso, com um corpo material, os iconoclastas passaram a negar a legitimidade das imagens sagradas. Os Bispos da Igreja de Cristo, então reuniram-se no II Concílio de Nicéia, em 787, afirmando a legitimidade e validade do culto das imagens, condenando a heresia iconoclasta. O Concílio distinguia entre latréia (=adoração), devida somente a Deus e proskynesis (=veneração) tributável aos santos e suas imagens já que estas os recordam e representam. O culto às imagens é relativo: só se explica e aceita na medida em que é tributado indiretamente àqueles que as imagens representam. Note-se que nessa época do II Concílio de Nicéia não havia outra Igreja cristã, a não ser a Igreja católica, com exceção de pequenas facções heréticas que não aceitavam a divindade ou a humanidade de Cristo na sua totalidade.

Eis o ensinamento desse Concílio, inspirado pelo Espírito Santo:”Definimos… que, como as representações da Cruz… assim também as veneráveis e santas imagens, em pintura, em mosaico ou de qualquer matéria adequada, devem ser expostas nas santas igrejas de Deus, nas casas e nas estradas… Quanto mais os fiéis contemplarem essas representações, mais serão levados a recordar-se dos modelos originais, a se voltar para eles, a lhes testemunhar… uma veneração respeitosa, sem que com isto seja adoração, pois esta só convém, segundo a nossa fé, a Deus”.

Esta é a doutrina da Escritura e da Igreja de Cristo sobre as imagens! A Igreja permite as imagens de Cristo porque o próprio Deus se fez imagem, em Jesus: ele, como já vimos é a imagem do Deus invisível. São. João Damasceno (séc VIII) explicava: “Como fazer a imagem do invisível?… Na medida em que Deus é invisível, não o represento por imagens; mas desde que viste o incorpóreo feito homem (Deus feito homem em Jesus), podes fazer a imagem da forma humana; já que o invisível se tornou visível na carne, podes pintar a semelhança do invisível”.

A idéia é clara: Deus fez-se imagem em Cristo, portanto, pode-se fazer imagem de Cristo! E a dos santos? Os santos são cristãos como qualquer outro, mas que tiveram a coragem de não se fechar para a graça de Cristo, fazendo de suas vidas uma imagem da vida de Cristo. Como dizia São Paulo: “Os que de antemão Deus conheceu, esses também predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho, a fim de ser ele o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8,29); “Assim como trouxemos a imagem do homem terrestre, assim também traremos a imagem do homem celeste” (1Cor 15,49). A idéia de Paulo é belíssima: como o homem trouxe em si a imagem do homem pecador, do primeiro Adão, agora, convertido e batizado, traz em si a imagem do homem celeste, o novo Adão, Cristo Jesus. E quanto mais se vive a vida de Cristo, mas se é conforme à imagem de Cristo: “E nós todos que, com a face descoberta, refletimos num espelho a glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma imagem, cada vez mais resplandecente, pela ação do Senhor, que é Espírito” (2Cor 3,18); “Vós vos desvestistes do homem velho com as sua práticas e vos revestistes do novo, que se renova para o conhecimento segundo a imagem do seu Criador. Aí não há mais grego e judeu, circunciso ou incircunciso, bárbaro, cita, escravo, livre, mas Cristo é tudo em todos” (Cl 3,9-11).

Os cristãos fazem imagens dos santos – particularmente da Virgem Maria – porque eles, com a sua vida, foram de tal modo abertos à graça de Cristo que tornaram-se imagens vivas Daquele que é a Imagem do Deus invisível. Os santos tiveram a coragem de levar até às últimas conseqüências o apelo de Paulo: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5).

Vê-se, assim, que a Igreja tem motivos de sobra para venerar as sagradas imagens. Tanto que Martinho Lutero (séc. XVI) principal fundador dos protestantes, escrevendo sobre as imagens, na obra «Sobre a Ceia de Cristo», afirmava o seguinte: “Tenho como algo deixado à livre escolha as imagens, os sinos, as vestes litúrgicas… e coisas semelhantes. Quem não os quer, deixe-os de lado, embora as imagens inspiradas pela Escritura e por histórias edificantes me pareçam muito úteis… Nada tenho em comum com os iconoclastas!”

Pena que seus seguidores aqui no Brasil não possam dizer o mesmo…

Penso que estas informações sejam suficientes para explicar o uso das imagens e refutar decididamente a calúnia de quem afirma que os católicos adoram imagens. Certamente, contudo, é necessário reconhecer que há pessoas que abusam e exageram na usa prática. Tais pessoas, no entanto, e tais práticas abusivas não são de acordo com o sentimento nem com a fé da Igreja de Cristo.